14 de novembro de 2014

Empresária encontrada morta em uma pousada, já havia denunciado o marido duas vezes a polícia


A empresária Arlete Aparecida Ribeiro, de 47 anos, encontrada morta na noite desta quinta-feira (13) dentro de uma pousada no bairro de Ponta Negra, na Zona Sul de Natal, havia denunciado o próprio marido há três meses atrás por ter queimado os documentos pessoais dela para que ela não fosse embora para São Paulo.

Segundo a polícia, a queixa foi registrada há três meses na Delegacia do Cidadão. Também se descobriu, segundo a queixa registrada, que Arlete havia relatado ter medo do marido em razão deles estarem enfrentando problemas financeiros.

O corpo de Arlete foi encontrado dentro de um depósito da pousada Varandas da Praia, de propriedade do casal. Na primeira instância, o caso foi tratado como suicídio. Uma das peritas do Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), que esteve no local, desconfiou da situação e acionou a Delegacia Especializada de Homicídios, a Dehom. O delegado Roberto Andrade esteve na pousada à noite e já na manhã desta sexta (14) confirmou que não descarta a possibilidade da empresária ter sido assassinada. “O marido dela contou que o corpo estava dependurado com um fio de ferro de passar roupas enrolado no pescoço. Apesar das evidências de suicídio, não descartamos a possibilidade de um homicídio”, ressaltou.

O marido de Arlete é o italiano Antônio Cinelli. O G1 ligou para o telefone celular dele pela manhã e também nesta tarde. Nas duas ocasiões, o estrangeiro disse que não vai comentar o caso.

Ainda de acordo com o delegado, Cinelli e o filho do casal, um garoto de 10 anos, encontraram o corpo. “O menino procurou pela mãe. Como a porta do depósito estava fechada e ela não respondia aos chamados, ele pediu socorro ao pai. O estrangeiro conseguiu abrir a porta e a encontrou pendurada. Ele também disse que a mulher estava com os pés no chão, numa situação de enforcamento incompleto, e que a colocou sobre um colchão na tentativa de reanimá-la”, relatou. “O que nos intriga, é o fato de o fio estar amarrado em um cabide de plástico. A perícia vai analisar se o material é forte o suficiente para suportar o peso do corpo da vítima, dentre outras questões que precisam ser esclarecidas”, acrescentou.

O delegado revelou também ter descoberto que Arlete precisou, recentemente, retirar a segunda via de documentos pessoais. Isso porque, segundo foi apurado, o marido teria destruído o registro onde constava o nome dela de casada. “No documento que achamos, ela aparece com o nome de solteira. É muito estranho isso. É algo que também estamos tentando entender. Sem falar na denúncia que ela fez contra o marido, o acusando de violência doméstica”, acrescentou.

Roberto Andrade disse ainda que está tentando contato com a família de Arlete, que mora em São Paulo. “Vamos ouvir os parentes dela também. Precisamos saber se ela se queixou a eles sobre alguma violência sofrida, como era a relação do casal. O italiano já foi intimado e deve ser ouvido em depoimento formal na próxima semana”, revelou.

G1