28 de outubro de 2014

O governo irá reajustar o preço da gasolina para acalmar investidores


Os brasileiros sofreram um mais um reajuste da gasolina, assim, beneficiando os investidores e atender as necessidades de recomposição de caixa da Petrobras. O governo espera acalmar o mercado financeiro com o anúncio, em breve, de um reajuste nos preços dos combustíveis, informou uma fonte no governo à Agência Estado.
O reajuste provavelmente deverá ser menor do que vem pedindo a presidente da estatal, Graça Foster, nos últimos meses. O Palácio do Planalto ainda não bateu o martelo sobre quando será o aumento de preço, mas o tema está na pauta da reunião do Conselho de Administração da companhia.

Na manhã seguinte ao resultado das eleições, a Petrobras divulgou dois comunicados positivos aos investidores, mas, ainda assim, as ações se mantiveram em queda durante o dia. No fim do pregão, as ações preferenciais caíram 12,33% e as ordinárias, 11,34%.
Antes da abertura das operações na bolsa de valores, a estatal anunciou a descoberta de petróleo na perfuração do primeiro poço no campo de Libra, pré-sal da Bacia de Santos. A produção no pré-sal foi um trunfo usado na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, que promete transformar o petróleo em 1,3 trilhão de reais para a educação em 35 anos. A Petrobras também comunicou a contratação de duas consultorias para investigar casos de corrupção na empresa, outro tema muito debatido nos últimos meses. Mas nada conteve a queda dos papéis.

O reajuste dos combustíveis, que, pela perspectiva do governo, vai melhorar o ânimo do mercado, está na pauta da reunião do Conselho de Administração na próxima sexta-feira. 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já disse que haverá um aumento ainda em 2014.
Dentro do conselho, no entanto, não há um consenso de que este seja o melhor momento. 

"Os preços estão ajustados ao mercado internacional, não tem defasagem. Será que o governo vai reajustar com a inflação do jeito que está? A justificativa era a defasagem, agora não acho que o governo arriscaria a meta da inflação. Só vamos saber na sexta-feira", avaliou o conselheiro Silvio Sinedino, que representa os trabalhadores no colegiado.

A "extensa e dura" pauta prevista para a reunião do dia 31 de outubro passa também pela análise dos resultados da companhia no terceiro trimestre, mantidos em sigilo, e pelas novas denúncias de irregularidades decorrentes das investigações na Operação Lava Jato. 

A partir de agora, diz Sinedino, a estatal deverá reforçar agendas positivas para reverter o que chama de "pessimismo" que se abateu na própria companhia e no mercado.

O anúncio de reajustes de preços, de investigação da corrupção ou de novas descobertas no pré-sal talvez não sejam suficientes para mudar o ânimo dos investidores. A percepção é que falta anunciar a adoção de uma política clara de variação dos preços, que torne os prazos e porcentuais dos reajustes previsíveis, diz Walter De Vitto, da consultoria Tendências.

A avaliação é que, reeleita, a presidente Dilma tende a prosseguir com a política de contenção dos preços dos combustíveis, o que, em sua opinião, impossibilita que a companhia aproveite ao máximo as oportunidades do mercado. 

Conteúdo retirado do Estadão